domingo, 15 de junho de 2008

Um dinossauro na era da informática




Quem ao recordar os anos escolares não se lembra das carteiras perfiladas, do quadro negro escrito a giz e do cheiro inconfundível de álcool que se desprendia das lições impressas no mimeógrafo? Mime... O quê? Quem não lembrou é porque não tem mais de vinte anos e nem freqüentou a rede pública de ensino.

A descrição acima não é saudosismo, mas o retrato fiel de muitas escolas que, em plena era da informática, se vêem privadas de recursos tecnológicos e munidas de artefatos obsoletos na prática pedagógica. O mimeógrafo é um ícone dessa obsolescência.

O avô das fotocopiadoras foi inventado no final do século XIX nos Estados Unidos e usado para reproduzir textos e figuras. Mais de um século já se passou. Nesse meio tempo o homem já foi à Lua, desenvolveu armas nucleares, lançou-se no ramo da robótica e da tecnologia digital. O velhinho movido a manivela resiste para o consolo dos professores da rede pública limitados pela falta de infra-estrutura das escolas.

“Apesar de ser um recurso bastante antigo e antiquado é utilizado nas escolas devido ao baixo custo com sua aquisição e manutenção. Além de acessível, é um equipamento portátil de uso coletivo entre os professores”, disse a professora Márcia Tuckmantel, que há vinte anos leciona na rede estadual de ensino.

Embora haja vantagem econômica, comparando-se com as impressoras e as fotocopiadoras, a qualidade da impressão não é das melhores. “A impressão muitas vezes sai borrada e isso compromete a legibilidade,” conta Márcia.

A tecnologia avança, mas a verba não chega às escolas. O mimeógrafo, para o espanto de professores e alunos, está longe de ser aposentado. E as páginas repletas de borrões e letras falhadas permanecerão ainda por muitos anos sobre as mesas escolares.

Elaine Siqueira

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorava o cheiro de alcool...rsrs
Realmente...Essa é a Modernidade da Educação no Brasil...
Era pra estar no museu essa peça rara.
Texto bem elaborado...Parabéns

Dante Raphael disse...

claaaaaassico!!!
acho que tinha tudo pra ser pingaiada, eu adorava ficar cheirando as folhas impressas, só que como vc disse, muitas vezes era horrivel de se enchergas aquelas coisas abstratas...
o complicado, é que por mais que haja envestimento em educação, parece nunca ser suficiente para suprir necessidades tanto dos alunos quanto dos professores... tipo, investem, investem e investem, mas ainda é possivel encontrar coisas como o mimeógrafo...
acho que usaram isso pra imprimir a bíblia xD rsrs